Um anticorpo do lúpus - doença autoimune que ataca as células
e tecidos saudáveis do corpo - parece ser capaz de fazer células
cancerígenas mais sensíveis a terapias contra o câncer, conforme aponta
um novo estudo publicado nesta quarta-feira na Science Translational Medicine,
da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em
inglês). James Hansen, do Departamento de Radiologia e do Centro de
Câncer da Escola de Medicina de Yale, junto a colegas, determinou que o
anticorpo chamado 3E10 sensibilizou tumores ovarianos à radiação no
laboratório.
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Esse autoanticorpo foi isolado anteriormente a partir de um modelo de
rato com lúpus pelo médico Richard H. Weisbart, da UCLA. O anticorpo
não é apenas benigno, mas tem a capacidade de penetrar células saudáveis
e malignas e em núcleos celulares.
Conhecendo essa capacidade, os pesquisadores estavam investigando se o
3E10 poderia ser usado como um meio de "entrega" de drogas. No entanto,
eles descobriram que o anticorpo já tinha a habilidade de sensibilizar
as células cancerígenas à radiação e quimioterapia e interferir na sua
capacidade de se sustentar no reparo do DNA. Além disso, quando usado
sozinho, o 3E10 pode matar seletivamente células com deficiências no
reparo de DNA, como aquelas com mutações no gene BRCA2, que é um
supressor de tumor que, quando danificado ou deficiente, pode levar ao
câncer de mama, ovário, pâncreas e próstata.
"Descobrir essa característica do 3E10 abre um novo caminho para
pesquisas sobre o tratamento de cânceres relacionados ao BRCA-2", disse
Peter M. Glazer, professor de radiologia terapêutica, de genética, e
integrante do Centro de Câncer de Yale, um dos autores do estudo.
"Também pode nos levar a terapias para outros tipo de câncer, como os
gliomas cerebrais", acrescenta.
A descoberta também pode levar a importantes conclusões em relação ao
lúpus. "A relevância mais imediata das nossas descobertas para as
doenças humanas é o novo reconhecimento de que os anticorpos do lúpus
possam ser aproveitados como novas terapias", disse Hansen. "Também abre
novas portas para a exploração biológica dos anticorpos do lúpus",
acrescentou, ressaltando que a pesquisa pode ajudar a explicar os
índices incrivelmente baixos de câncer de mama, ovário e próstata em
indivíduos com lúpus, doença que afeta mais de 5 milhões de pessoas no
mundo.
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